quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Teria o apagão sido causado por hackers?

Para você que tem energia elétrica para ler esse post, saiba que por coincidência ou não, a rede americana CBS fez uma reportagem que foi ao ar domingo, dia 08, dizendo que os apagões de 2005 e 2007 (que perto do atual, podem ser considerados apaguinhos :-P) foram causados por ataques de hackers.

Ninguém pode dizer que um evento como esse não cause estragos políticos na imagem de céu de brigadeiro da administração Lula (Copa, Olimpíada, Pré-sal, 80% de aprovação...). Haja visto o que o apagão de 2001 causou na fantasia tucana de ter uma administração vinculada à ideia de organização e planejamento. Agora, a Dilma que se cuide.


Na época, ficou complicado acusar o PT de falta de projeto depois da falta de força (elétrica) na administração FHC para impulsionar o crescimento nacional.
Agora, quando já estão movimentando todas as peças do xadrez da sucessão, e sem o Lula disputando um terceiro mandato, ficou mais complicado emplacar a ministra da Casa Civil, que já foi ministra de Minas e Energia. E que não tem a história de menino pobre e analfabeto (e de grande apelo popular) do presidente Lula. Mas que cultivava uma áurea de personalidade forte, que sabe mandar e planejar (afinal, dizem, já planejara até sequestro, nos tempos da ditadura).

Tanto que a última brincadeira do CQC com a ministra envolvia um bilhetinho com um "smile" e o humorista-jornalista Danilo Gentili ensinando a ministra a sorrir.
Mas hoje a ministra não teria motivos para rir, uma vez que, a duas semanas atrás, ela garantiu que Brasil estava a salvo de um novo apagão. A declaração dada no programa "Bom Dia, ministro" dizia respeito ao apagão de 2001, que na última quarta o presidente Lula prontamente já destacou ser diferente do apagão atual:

Não tivemos falta de geração de energia. A energia começou e continuou sendo gerada. Tivemos um problema na linha de transmissão e não detectamos ainda o local do problema.
Presidente Luís Inácio Lula da Silva

Mas o que levou a CBS a tornar pública essas suspeitas de invasões digitais na rede de informações que controlam o sistema de geração e/ou distribuição de energia elétrica brasileira?

Em outro post (Guerra fria eletrônica: Espiões entram na rede elétrica dos EUA) já chamávamos a atenção para relatos de sondagens para detectar fragilidades na rede elétrica dos EUA. Dia 08, a CBS veiculou em seu programa "60 Minutos" uma reportagem onde um hacker levanta suspeitas sobre o envolvimento de hackers em dois apagões (em 2005 e 2007) no Brasil.

O jornalista Steve Kroft, afirma que os dados foram retirados de uma investigação específica sobre casos de ataques e crimes virtuais contra a infraestrutura de diversos governos.

Os ataques que teriam deixado dezenas de cidades no escuro nos últimos anos podem ter sido obra de cibercriminosos, como mencionou de forma indireta, em pronunciamento, o presidente americano, Barack Obama.

Nós sabemos que esses invasores cibernéticos têm colocado à prova nosso sistema interligado de energia e que, em outros países, ataques assim jogaram cidades inteiras na escuridão.
Barack Obama. Em discurso em maio deste ano.

Mas a rede CBS, citando fontes da inteligência militar e de segurança privada, informou que o país citado era o Brasil, nos apagões de janeiro 2005, ao norte do Rio de Janeiro, e de setembro de 2007 no Espírito Santo.

A Folha contatou a estatal federal Furnas, responsável por aquela região, que negou ter conhecimento da ação de hackers em seu sistema. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) também afirmaram desconhecer o envolvimento de criminosos cibernéticos nos apagões. As quedas de energia são sempre atribuídas a fenômenos climáticos, falha de manutenção ou sobrecarga do sistema.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, no Relatório de Análise de Perturbação – RAP sobre as ocorrências dos dias 26 e 27 de setembro de 2007, assinalou que “a causa dos desligamentos da LT 345 kV Campos – Macaé Merchant C2 foi falha provocada por defeito em cadeia de isoladores na saída da linha na SE Campos. Este defeito foi provocado por poluição na cadeia de isoladores em função de depósito de fuligem provocada por queimadas na região de Campos.”
Voto do relator acerca de recurso contra a decisão da ANEEL de multar FURNAS em mais de 5 milhões de reais por falha na manutenção do sistema.

Em junho de 2007, o então secretário assistente de Defesa dos EUA, John Grines, numa conferência em Paris, disse o seguinte: "Não faz muito tempo, houve um ataque [de hackers] ao sistema de energia do Brasil, à chamada rede Scada [um tipo de sistema de gerenciamento], que causou grandes distúrbios".

No mês passado, em uma reportagem publicada pela revista norte-americana "Wired", Richard Clark, um ex-assessor especial no governo de George W. Bush (que deixou a Casa Branca neste ano), também mencionou o Brasil.

Dado o grau de seriedade com que a administração Obama trata a segurança cibernética e a rede inteligente [de transmissão de energia], nós podemos nos preparar para acontecer aqui o tipo de coisa que aconteceu no Brasil, onde hackers conseguiram, com sucesso, derrubar o fornecimento de energia.
Richard Clarke. Ex-assessor no governo George W. Bush e atual presidente da Good Harbor, empresa que faz consultoria na área de segurança.

Raphael Mandarino Junior, diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, diz ter checado o assunto com empresas de energia "sem encontrar rastros".

Há sempre a possibilidade de um ataque de hackers para tentar derrubar uma subestação de energia, mas creio que estamos de certa forma protegidos pelo fato de termos chegado tarde aos avanços tecnológicos. As empresas não têm os seus sistemas operacionais conectados diretamente à internet. Isso dificulta muito a um hacker entrar na rede interna.
Raphael Mandarino Junior, diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República

Mandarino não está muito otimista quanto ao atual estágio de preparo das autoridades para lidar com o problema.

Quem trabalha na segurança muitas vezes é um gato gordo e lento. Quem está atacando é um rato magro e ágil, que sempre toma a iniciativa.
Raphael Mandarino Junior

No governo, as autoridades soltam notas contraditórias a respeito do problema do apagão de terça-feira, dia 10. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou quarta-feira, 11, que o apagão que atingiu 18 estados e principalmente as regiões Sul e Sudeste não foi provocado pelo mau tempo. Contradizendo a afirmação de ontem do responsável pela pasta de Minas e Energia, o Ministro Edison Lobão. Ontem, Lobão disse que os técnicos trabalhavam com a hipótese de que algum problema atmosférico, como raios ou tempestades, tenha motivado a queda da energia.

Vento não desliga o circuito.
José Antonio Jardine, professor da Escola Politécnica da USP e estudioso de sistemas de potência e automação de sistemas elétricos

Dia 11, pela manhã, o secretário-executivo do ministério, Márcio Zimmermann, relatou que "condições meteorológicas adversas" provocaram a queda de transmissão em três linhas de distribuição de Furnas. Entretanto, Paulo Bernardo disse que, em conversa com o presidente da Itaipu, Jorge Samek, ele informou que a interrupção de energia foi causada por problemas em duas das cinco linhas de transmissão. "Eles pensaram que tinha sido o temporal que tinha derrubado linhas de transmissão, mas não foi. Se a linha tivesse danificada, não tinha voltado (a energia) às cinco da manhã", disse o ministro.

Eduardo Barata da ONS afirmou que "não houve erro" humano, nem ataque de hackers ao sistema informatizado que comanda a distribuição da energia de Itaipu.

Transcrevo a seguir um boletim do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de Nº 343, publicado em 11/11/2009, sob o título "INPE indica que a chance de raio ter causado blecaute é pequena".

Análise feita pelos técnicos do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (INPE), utilizando um sistema único no país, desenvolvido após o apagão de 1999, indica que as chances de um raio ter sido a causa do apagão são mínimas. Embora houvesse uma tempestade na região próxima a Itabera no sul de São Paulo com atividade de descargas no horário do apagão, as descargas mais próximas do sistema elétrico estavam a cerca de 30 km da subestação de Itabera e a cerca de 10 km de uma das quatros linhas de Furnas de 750 kV e cerca de 2 km de uma das outra linhas de 600 kV, que saem de Itaipu em direção a São Paulo. Além disso, a baixa intensidade da descarga registrada (menor que 20 kA) não seria capaz de produzir um desligamento da linha, mesmo que incidisse diretamente sobre ela, como também confirma a Rede Brasileira de Detecção de Descargas (BrasilDat), que estava no momento do apagão operando com ótimo desempenho. Em geral, apenas descargas com intensidade superiores a 100 kA, atingindo diretamente uma linha, podem causar um desligamento de linhas de transmissão operando com tensões tão elevadas como as linhas de Itaipu (duas de 600 kV e duas de 750 kV).
Fonte: ELAT

Sem querer fazer trocadilhos mas já fazendo, a intenção desse post é lançar luzes sobre um assunto que está virando um novelo de versões. Vamos ter que aguardar algum tempo para conhecer uma versão final dos fatos mais crível. Afinal, no escuro, todos os gatos são pardos (e gordos).

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cuidado com o Orkut

Todo mundo que usa o orkut está curioso para testar as novidades na rede social. O problema é que alguns espertalhões estão abusando da ingenuidade de alguns usuários e preparando armadilhas para roubar senhas e nomes de usuários.

não clique em linki's sem saber realmente o que é.