sábado, 11 de outubro de 2008

Mãos no teclado. Isso é um assalto!

Enquanto a Polícia Federal inicia um levantamento para identificar quadrilhas responsáveis por roubos a bancos, outro tipo de quadrilha pode estar agindo agora mesmo. Essas novas quadrilhas não necessitam de armamento pesado ou até mesmo seqüestrar o gerente e tesoureiro de uma agência bancária. Só precisam de um computador ligado à Internet.


Atualmente para realizarmos uma transação bancária pela Internet é necessário que o correntista informe: número da agência e conta corrente, senha do teclado virtual, senha secreta e em alguns casos a senha do cartão. Você sabe o por que de tantas senhas para acessar a sua conta corrente pela Internet? A resposta é simples: Segurança.

Para uma quadrilha assaltar uma agência de um banco será necessário o “investimento” em armamento pesado, informações sobre o funcionamento interno da agência, horário de recolhimento do dinheiro das agências, modelo do cofre utilizado, informações sobre o sistema de segurança física (alarmes e câmeras), etc. O risco de uma operação dessas é muito alto e na maioria das vezes não ocorre como o planejado, ou seja, a polícia consegue capturar os ladrões.

Um novo tipo de assalto surgiu. A inteligência substituiu o armamento pesado e os seqüestros necessários para a realização de um assalto. Não existem estatísticas, porém, o roubo virtual está ultrapassando o número de roubos em agências ou seqüestros relâmpagos.

O caso mais conhecido envolvendo o roubo virtual é o de Guilherme Amorim de Oliveira Alves, um mato-grossense de 18 anos. Segundo investigações da Polícia Federal, a quadrilha de Guilherme A. O. Alves teria desviado cerca de 1 milhão de reais de instituições financeiras, tais como: Bradesco, Itaú, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Guilherme A. O. Alves foi preso em março deste ano e continua detido num presídio de segurança máxima, em Campo Grande, onde aguarda julgamento.

A máfia eletrônica que surgiu com a tecnologia, utiliza-se de diversas técnicas para conseguir o acesso à conta corrente das pessoas. A principal técnica está em enganar as pessoas. Hoje recebemos diversos tipos de e-mails, sendo mais da metade dos e-mails de origem desconhecida. Um dos casos mais recente foi o do Banco do Brasil. Diversas pessoas receberam um e-mail informando que o correntista tinha sido premiado com um seguro de vida totalmente grátis. Para ter direito ao premio era necessário preencher um formulário, que estava no mesmo e-mail, informando agência, conta corrente, senha eletrônica e a senha do cartão. Todos os dados preenchidos no formulário eram enviados para o computador da máfia eletrônica.

Desde março de 2002, demonstro em palestras como os Hackers roubam o dinheiro dos bancos. Estarei apresentando as técnicas utilizadas pelos Hackers para o roubo de informações confidências e como se proteger.

As instituições financeiras preocupam-se muito com a segurança da informação. Dessa forma, os investimentos em tecnologias de segurança são necessários para garantir a continuidade dos negócios. O grau de dificuldade de uma invasão a rede de computadores de um banco é bem maior do que uma invasão ao computador que está na sua casa. Pensando dessa forma, os Hackers desenvolveram um vírus de computador capaz de gravar em arquivo tudo que está sendo digitado no teclado do seu computador. Quando conectado a Internet, o vírus envia o arquivo contendo as informações confidencias para o Hacker. O Hacker realiza o acesso a conta corrente (caso o arquivo contenha informações relacionadas a dados bancários) e inicia o processo de transferência do dinheiro para uma conta corrente preparada especialmente para receber o dinheiro. Todo o processo é rápido e simples. Geralmente o Hacker utiliza um computador com endereço IP falso, ou seja, dificilmente será encontrado.

Os bancos resolveram adotar o teclado virtual, para evitar que um vírus de computador capture a senha necessária para acesso a conta corrente. Porém, já existem novos programas de computador que conseguem capturar as informações que são fornecidas ao banco utilizando-se o mouse em vez do teclado.

Para evitar que as informações do seu computador acabem nas mãos de Hacker, é indispensável a utilização de um programa antivírus. O antivírus deverá ser atualizado diariamente, pois, são descobertos 5 novos vírus de computador por dia.

A técnica mais comum atualmente é a clonagem do site de um banco. O Hacker cria uma cópia exatamente idêntica do site de um banco e disponibiliza o site falso para acesso na Internet. Geralmente esse site fica hospedado em máquinas preparadas especialmente para isso, fora do Brasil. O Hacker ainda precisa que todas as pessoas que irão acessar o site verdadeiro, sejam redirecionadas para o site falso. Existem duas formas para redirecionar o acesso das pessoas para um site falso:

1 – Criar um e-mail falso orientando os correntistas sobre um novo procedimento do banco. O Itaú, Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil foram vítimas desses e-mails.

2 – O Hacker deverá invadir servidores responsáveis pela resolução de nomes na Internet e alterar a configuração do sistema. Por exemplo, todas as requisições para o site www.nomedoseubanco.com.br deverão ser redirecionadas para a máquina em que está hospedado o site falso.

No segundo caso, para o correntista que está acessando a Internet é transparente, pois os procedimentos realizados estão corretos. Fazendo um pouco de analogia, seria como ir até uma loja do nosso bairro e descobrir que criaram um caminho novo até a loja. Chegando na loja está da forma que sempre esteve, porém, a loja não é a verdadeira e sim uma cópia idêntica da loja verdadeira. No mundo virtual funciona exatamente igual. O Hacker invade o sistema das empresas e muda os caminhos para os sites dos bancos, sendo que os novos caminhos levam para o site falso.

Todos os sites de instituições financeiras possuem uma área informando aos correntistas sobre procedimentos de segurança. A recomendação é que você leia atentamente as informações que encontram-se no site do seu banco para evitar ser vítima de um golpe virtual.

Outro tipo de roubo virtual chama-se “seqüestro da conexão”. Essa técnica é bem complexa de ser realizada. Quando o correntista do banco irá realizar o acesso ao site, o Hacker seqüestra essa solicitação de acesso, fingindo ser o banco para o cliente, e redireciona a solicitação para o banco, fingindo ser o cliente para o banco. O banco responde todas as solicitações para o Hacker, pensando que está em comunicação com o cliente e o Hacker repassa as informações para o cliente. Quando o correntista encerra a conexão, o Hacker acessa o site do banco e informa todos os dados do cliente. Após esse procedimento, o Hacker começa a transferir o dinheiro do correntista para outra conta corrente. Não existe defesa contra essa técnica de ataque.

Atualmente são fechados R$ 1,22 bilhão de negócios pela Internet. Isso é um atrativo ainda maior para a máfia eletrônica.

Recomendações finais

• Desconfie de e-mails que solicitam informações pessoais.
• Mantenha sempre seu computador atualizado contra falhas de segurança.
• Não abra arquivos suspeitos anexados a e-mails.

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